ATA DA VIGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 10.04.1987.
Aos dez dias
do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Vigésima Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislatura. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt,
Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum,
Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes
Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara
Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Kenny Braga, Nilton Comin, Paulo Satte, Paulo
Sant'Ana, Pedro Ruas, Raul Casa, Teresinha Chaise, Rafael Santos, Werner Becker
e Wilson Santos. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou à Ver.ª Gladis Mantelli que procedesse à
leitura de trecho da Bíblia. A seguir, foram aprovados as Atas da Décima Oitava
e da Décima Nona Sessões Ordinárias, a última após ter sido lida pelo Sr.
Secretário. À MESA, foram encaminhados: pelo Ver. Ennio Terra, 01 Pedido de
Providências, solicitando recuperação de iluminação, aparação de grama e
restauração geral da Praça Garibaldi, localizada entre as Avenidas Venâncio
Aires, Érico Veríssimo e Rua José do Patrocínio; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01
Pedido de Providências, solicitando que seja retirado o lixo que se acumula na
Vila Esmeralda. A seguir, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Cleom
Guatimozim, solicitando inversão da ordem dos trabalhos, passando-se à PAUTA,
Discussão Preliminar. Em 1ª Sessão estiveram os Projetos de Lei do Legislativo
n.ºs 90; 95/86; 01; 12/87, discutido pelo Ver. Nilton Comin; 13; 14/87. Em 2ª
Sessão estiveram os Projetos de Lei do Executivo n.ºs 18; 19; 04/87; os
Projetos de Lei do Legislativo n.º 04/87, discutido pelo Ver. Isaac Ainhorn;
07/87, discutido pelo Ver. Werner Becker.; 09; 10; 11/87. Em 3ª Sessão
estiveram os Projetos de Lei do Executivo n.ºs 02; 07; 08; 09; 15; 16; 17/87;
os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 03; 05/87; o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo n.º 02/87; o Projeto de Resolução n.º 04/87. Em EXPLICAÇÃO
PESSOAL, o Ver. Nilton Comin reportou-se ao projeto de sua autoria que cria o
Centro de Controle de Zoonoses na Secretaria Municipal de Saúde e Serviço
Social, discorrendo sobre suas funções, custos e trabalho a ser desempenhado. O
Ver. Isaac Ainhorn declarou seu apoio à iniciativa do Secretário Municipal de
Transportes, Ver. Elói Guimarães, de trazer à discussão a questão dos
quebra-molas. Analisou o grande número de acidentes de trânsito, tratando sobre
a função dos quebra-molas na redução da velocidade e na diminuição dos riscos à
população. O Ver. Hermes Dutra analisou as diferentes atribuições e
responsabilidades dos proprietários de imóveis e dos de terrenos baldios,
chamando ao Executivo por medidas efetivas no estabelecimento de cuidados e
conservação destes últimos. Afirmou a necessidade de que este Legislativo atue
de forma a criar meios legais para o controle da situação dos terrenos baldios.
E o Ver. Jorge Goularte tratou sobre a questão do incentivo aos pequenos produtores,
mencionando medidas que tomou neste sentido quando de sua gestão na Secretaria
Municipal de Indústria e Comércio. Propôs ao Executivo a criação de feirões de
venda direta do produtor ao consumidor. A seguir, constatada a existência de
“quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi
aprovado o Projeto de Lei do Legislativo n.º 112/87, após ter sido discutido
pelos Vereadores Artur Zanella, Antonio Hohlfeldt e Cleom Guatimozim e
encaminhado à votação pelo Ver. Jorge Goularte. Na ocasião, o Sr. Presidente
respondeu Questão de Ordem do Ver. Aranha Filho, sobre o aspecto regimental do
desarquivamento de projetos de ex-Vereadores da Casa e em nome de quem fica a
autoria dos mesmos e solicitando que conste dos avulsos a autoria dos
Requerimentos de desarquivamento. Após, foi aprovado Requerimento oral do Ver.
Clóvis Brum, no sentido de que seja colocado em Pauta o Projeto de Lei do
Executivo que institui alterações no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do
Município. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos
Vereadores Hermes Dutra e Artur Zanella, no mesmo sentido do Requerimento do
Ver. Clóvis Brum. Ainda, o Sr. Presidente registrou a abstenção do Ver. Werner
Becker na votação do Requerimento do Ver. Clóvis Brum. Após, o Sr. Presidente
respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Clóvis Brum e Hermes Dutra,
indagando se após a retirada de um projeto deixa de ter validade comissão
especial constituída para o exame do mesmo. Ainda, foram aprovados os seguintes
Requerimentos: do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando, na condição de Presidente da
Comissão “A Cidade e a Constituinte”, que o período de Grande Expediente do
próximo dia quinze de abril seja destinada a ouvir depoimentos dos
representantes dos Partidos políticos com assento nesta Casa, sobre subsídios à
Assembléia Nacional Constituinte; do Ver. Artur Zanella, solicitando que o
Projeto de Lei do Legislativo n.º 112/82 seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data; de Votos de Congratulações com a Rádio Guaíba, pela passagem de seu 30º
aniversário; com o Correio do Povo, pela nova coluna social do Sr. Décio
Azevedo; do Ver. Aranha Filho, de Voto de Congratulações com Jorge Franke Geyer
por sua eleição à Presidência do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais
Preciosos; do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Pedido de Autorização
n.º 04/87 seja submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação,
de Finanças e Orçamento e de Urbanização, Transportes e Habitação; do Ver.
Hermes Dutra, de Voto de Congratulações com a Administradora Rio Grandense
Ltda., pela passagem de seu 38º aniversário; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de
Pesar pelo falecimento de Victor Eduardo Bensimon; do Ver. Jorge Goularte,
solicitando seja realizada uma Sessão Solene no próximo dia 15.09.87, às 16
horas, destinada a homenagear a Brigada Militar, em razão de seu
Sesquicentenário; da Ver.ª Jussara Cony, de Moção de Apoio aos funcionários em
greve do Hospital Lazarotto; de Moção de Apoio aos médicos residentes em greve
desde o dia 23.03.87; de Moção de Repúdio aos atos intimidatórios de que foi
vítima o PC do B, encaminhado à votação pelo Ver. Jorge Goularte. Na ocasião, o
Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Clóvis Brum e Jorge
Goularte, indagando sobre a quem se referia Moção de Repúdio de autoria da
Ver.ª Jussara Cony. Ainda, o Sr. Presidente registrou a abstenção do Ver. Jorge
Goularte à votação de Moção de Repúdio da Ver.ª Jussara Cony e declaração de
voto do Ver. Werner Becker aos Votos de Congratulações aprovados na Sessão de
hoje. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente declarou encerrados os
trabalhos às onze horas e cinqüenta e oito minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Chaise, Gladis
Mantelli e Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli,
Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que após lida e aprovada, será assinada
pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
Solicito à Sr.ª Gladis Mantelli que proceda à leitura de trecho da
Bíblia.
A SRA. GLADIS MANTELLI: (Lê.)
“Da manhã à tarde muda o tempo,
e diante de Deus tudo passa rapidamente.
O homem sábio em todas as obras usa de circunspecção,
e no tempo de pecado guarda-se de falta.”
A SRA. PRESIDENTE: O Sr. 2º Secretário
procederá à leitura da Ata da Sessão anterior.
(O Sr. 2º Secretário lê.)
Em votação as Atas da 18ª e 19ª Sessões Ordinárias. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
O Sr. 2º Secretário dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
O SR. 2º SECRETÁRIO: À Mesa foram encaminhadas
proposições pelos Srs. Vereadores (passando a ler) Ennio Terra (01) e Isaac
Ainhorn (01).
É só, Sr.ª Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: Não há expediente
encaminhado à Casa no dia de hoje.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Para um Requerimento, Sra.
Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: V.Exa. tem a palavra,
Vereador.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Solicito a inversão da
ordem dos trabalhos.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A seguir, passaremos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1a. SESSÃO
PROC. 2644 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
90/86, do
Vereador Wilson Santos, que autoriza o Executivo Municipal a criar o
Departamento Municipal de Prevenção do Uso dos Tóxicos e Recuperação dos
Viciados.
PROC. 2773 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
95/86, da
Vereadora Teresinha Chaise, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao conhecido Empresário e Comerciante Marcos Rachewsky.
PROC. 0097 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
01/87, do
Vereador Isaac Ainhorn, que, denomina Praça Davi Malinski um logradouro
público.
PROC. 0686 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
12/87, do
Vereador Nilton Comin, que cria o Centro de Controle de Zoonoses na Secretaria
Municipal da Saúde e dá outras providências.
PROC. 0708 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
13/87, do
Vereador Hermes Dutra, que denomina Rua Leonel Alvim Filho uma via pública.
PROC. 0720 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
14/87, da
Vereadora Gladis Mantelli, que denomina Rua Clara Nunes uma via pública.
2ª SESSÃO
PROC. 0624 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 18/87, que extingue cargos em
comissão, cria cargos e funções gratificadas e dá outras providências.
PROC. 0625 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 19/87, que autoriza doação de
imóveis do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, à Legião Brasileira de
Assistência - LBA.
PROC. 0151 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 04/87, que autoriza o Município a
permutar imóvel de sua propriedade por imóvel de propriedade de Leila Habab
Herwig, e dá outras providências.
PROC. 0553 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
04/87, do
Vereador Paulo Satte, que cria sistema de estações de embarques e desembarque
para passageiros dos transportes coletivos de Porto Alegre.
PROC. 0572 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
07/87, do
Vereador Pedro Ruas que implanta o transporte hidroviário coletivo de
passageiros no Rio Guaíba, que funcionará através da iniciativa privada,
mediante concessão da Secretaria Municipal de Transportes e segundo normas
técnicas estabelecidas por esta.
PROC. 0635 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
09/87, do
Vereador Cleom Guatimozim, que denomina Rua TVS um logradouro público.
PROC. 0647 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
10/87, do
Vereador Kenny Braga, que denomina Avenida Túlio de Rose uma via pública.
PROC. 0677 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
11/87, do
Vereador Raul Casa, que denomina Rua Martim Aranha um logradouro público.
3ª SESSÃO
PROC. 0101 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 02/87, que autoriza o Município a
permutar imóvel de sua propriedade por imóvel de propriedade de José Abujamra e
dá outras providências.
PROC. 0203 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 07/87, que autoriza o Município a
alienar imóvel de sua propriedade a Jorge Ferreira Sporleder e dá outras
providências.
PROC. 0386 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 08/87, que declara de utilidade pública
a União Gaúcha de Criadores de Rãs - UGCR.
PROC. 0432 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 09/87, que declara de utilidade
pública o Instituto Educacional da Criança Porto-Alegrense.
PROC. 0525 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
03/87, do
Vereador Hermes Dutra, que denomina Rua Álvaro Difini um logradouro público.
PROC. 0561 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 02/87, do Vereador Hermes Dutra, que inclui, no 1º PDDU, a UTR-02, na
UTSI-27, institui regime urbanístico e dá outras providências.
PROC. 0567 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
05/87, do
Ver. Hermes Dutra, que denomina Estrada Rincão do Leão uma via pública.
PROC. 0597 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 15/87, que cria e extingue Funções
Gratificadas.
PROC. 0598 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 16/87, que cria cargos em comissão
e funções gratificadas e dá outras providências.
PROC. 0599 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 17/87, que cria funções
gratificadas e cargo em comissão e dá outras providências.
PROC. 0571 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 04/87, do Vereador Pedro Ruas, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Luiz Carlos Prestes.
A SRA. PRESIDENTE: Está com a palavra para
discutir a Pauta o Ver. Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente e Srs. Vereadores,
desejo discutir na Pauta de hoje um projeto apresentado a esta Casa por este
Vereador, que é o Projeto que trata sobre as zoonoses. O Sr. Auditor entendeu
por bem julgar a iniciativa como de competência do Executivo. Entretanto, ele
compreendeu que é da competência do Município de Porto Alegre a iniciativa,
quando se trata de um projeto da maior relevância, porque é um projeto de saúde
pública. Quero colocar aos Srs. Vereadores o problema da oportunidade e da
conveniência. Em todo o Brasil, hoje em dia, através da imprensa, colocam-se,
constantemente, nos jornais, televisões e rádios, os grandes problemas de
zoonoses registrados neste País. Recentemente, estive em Brasília e, através do
Ministério da Saúde, tomei conhecimento de que existe um programa nacional, que
é um programa de diretriz e controle da zoonose. As grandes capitais do Brasil,
em sua maioria, já implantaram este programa. A Cidade de Porto Alegre não
possui este programa, e este Vereador, através de seu Projeto, quer fazer com
que a nossa população esteja protegida deste número muito grande de zoonoses,
que a Organização Mundial de Saúde cataloga em 150 zoonoses urbanas. É
importante, Srs. Vereadores, a discussão deste Projeto, porque o Município de
Porto Alegre está completamente desaparelhado no setor de vigilância
epidemiológica. Sobre qualquer problema que exista na sua forma urbana, na
Cidade de Porto Alegre, não se tem nenhum dado, nenhuma notificação. Quero-me
ater hoje a um problema importante que diz respeito a todos nós.
O Sr. Frederico Barbosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Comin, não querendo interromper seu
pronunciamento, queria cumprimentá-lo pelo Projeto que apresenta. Inclusive, em
conversa particular com V.Exa., consegui compreender. Provavelmente, sem querer
ser o Joãozinho-do-passo-certo, poucas pessoas entendam onde V.Exa. quer chegar
com esse Projeto. Como tive um problema muito grande com a invasão do prédio
onde moro por milhares de cascudos, que não se sabia de onde vinham, se eram venenosos
ou que problemas poderiam causar, quando V.Exa. ajudou em muito, posso avaliar
o trabalho. Quero ver se na segunda-feira consigo me inscrever em Pauta para me
colocar ao lado de V.Exa., onde precisar do meu depoimento sobre aquilo que a
SUCAM precisou fazer, porque Porto Alegre não tem um órgão que permita uma
análise como aquela que V.Exa. fez através de seus técnicos, na SUCAM,
favorecendo os inúmeros moradores que comigo convivem no prédio onde resido.
Muito obrigado.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estou ouvindo o discurso de V.Exa. e já há mais tempo
queria fazer uma consideração. Com relação ao trabalho de V.Exa. nesta Casa,
lastimo cada vez mais os azares das urnas que não o trouxeram no primeiro dia.
Tenho certeza de que a Cidade há de reconhecer, na próxima eleição, e corrigir
o equívoco que os azares das urnas cometeram, porque V.Exa. tem se mostrado um
modelo de Vereador. Vereador é isso que V.Exa. faz. Na segunda-feira à noite,
eu estava falando, aqui, sobre Direito Constitucional, normas auto-aplicáveis
e, fundamentalmente, sobre isso. Quer dizer: os nossos parlamentares têm que
parar de fazer discursos genéricos, eloqüentes e formais e atacar os problemas
específicos da Cidade.
Por isso, cumprimento V.Exa. mais uma vez, porque V.Exa. se dedica. E
isso é que é difícil de fazer - estudar o problema específico, dar uma solução
- e não fazer um discurso genérico, que abriga qualquer idéia.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V.Exa. Como
esta matéria é muito extensa e requer a atenção de todos os Srs. Vereadores, eu
vou pedir um minuto de atenção de V.Exas. para mostrar um fato prático, porque
eu sou um homem essencialmente prático. Eu estou trazendo aqui dos exemplares
do “Tigre Asiático”, como é conhecido popularmente o “Aedes albopictus”: veio
da Tailândia, é de clima frio, pode entrar no Rio Grande do Sul. Ele entrou no
Brasil, em três Estados brasileiros, e lá em São Paulo a imprensa notificou a
sua presença. Ele causa dengue, encefalite e febre amarela. No Rio Grande do
Sul, através da fronteira com Santa Catarina, aqui em Torres e lá na Vacaria, a
SUCAM está com uma guarnição de fiscais examinando ônibus por ônibus, caminhão
por caminhão. No Porto de Porto Alegre, a SUCAM fiscaliza navio por navio, principalmente,
os vindos da Ásia. Nós, às vezes, brincamos muito sobre mosquito, mas com
relação a esse transmissor em potencial, que é o “Aedes albopictus”, tem esta
Casa a obrigação de estar ciente de que pode acontecer uma grande epidemia para
a Cidade de Porto Alegre. Esse transmissor vive em temperaturas frias lá na
Sibéria e pode se adaptar ao Rio Grande do Sul, pois o nosso clima aqui é muito
frio e ele resiste a até menos de 10º. É uma necessidade que um sanitarista
venha a esta Casa e diga isto aos Srs. Vereadores. E que o Sr. Prefeito de
Porto Alegre tenha a consciência de saber, pois já está em São Paulo o “Aedes
albopictus”. O problema dos mosquitos é jocoso para alguns, mas nós temos 14
Estados com febre amarela, oito com dengue e só no Rio de Janeiro mais de 400
mil casos. A SUCAM do Rio Grande do Sul trata aquilo que nós chamamos de
“doente importado”: ele vai ao Rio de Janeiro, adquire a doença e vem para cá.
Dengue tem quatro formas: 1, 2, 3 e 4. A 4ª é anti-hemorrágica e causou um
problema muito grande em Cuba. O problema de zoonoses compete à SUCAM, porque
ela trata das grandes endemias. E das outras que a SUCAM não trata quem é que
trata? Nós temos nove espécies de ratos, quatro domésticos e cinco silvestres.
Qual o Vereador que não sabe do rato de esgoto, do rato de lixo? Só ficando
nestes dois ratos, os do esgoto e do lixo, que são causa da leptospirose porque
contêm uma bactéria. São depósitos e transmissores de uma bactéria e, através
da urina, contaminam. A Cidade de Porto Alegre, nas estatísticas, é zero,
porque não tem um setor destes, não tem um serviço de controle das zoonoses.
Eu pergunto: quantos milhões de ratos existem em Porto Alegre - ou
bilhões? Quem faz alguma coisa? O Estado? Não. O Município? Não. E como fica a
nossa população? Os casos não são registrados porque não há notificação, não há
epidemiologia. A Cidade de Porto Alegre, a Secretaria da Saúde não tem. E eu
quero criar isto. Se S.Exa., o Prefeito, entender que deva ser ele, eu abro
mão. Eu apenas quero criar. Não há nenhum custo. Os técnicos são treinados pelo
Ministério da Saúde e os recursos são repassados pelo Ministério. Eu hoje
ficarei apenas no “Aedes albopictus”. Na próxima oportunidade, vou falar em uma
das espécies que pretendo trazer aqui. Se eu conseguir, com algum veterinário,
algumas espécies de ratos domésticos, eu vou trazer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, resolvi examinar, eu, que tenho me dedicado ao problema do
transporte coletivo na Cidade, assim como outros Vereadores, o Projeto enviado
pelo Ver. Pedro Ruas, estabelecendo transporte hidroviário coletivo em Porto
Alegre. O conteúdo do Projeto, à evidência, é uma necessidade. O contorno
geográfico da Cidade, se não for uma península, cercada por rios, tem que,
necessariamente, aproveitar essas vias fluviais. Se disse, inclusive, que muito
do progresso dos Estados Unidos se deu face ao aproveitamento do Rio Mississipi
e do Rio Missouri e de toda a bacia hidrográfica daquele país. Na União
Soviética também se aproveitam todos os caminhos fluviais. Aqui, no Brasil,
talvez por ter sido necessário, num determinado momento, que se comprasse
petróleo, nós destruímos as nossas vias fluviais, fundamentalmente aqui no Rio
Grande do Sul...
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Exatamente sobre este assunto tão relevante que
V.Exa. está falando e, sobretudo, fazendo este paralelo entre outros países que
usaram a navegação fluvial e o nosso País, que teve destruída a sua navegação
fluvial e que teve que pagar um alto preço para as multinacionais que a
transformaram e liquidaram... Cito, como exemplo, para V.Exa. o arroz da Lagoa
dos Patos; Arambará, Mostardas, todo ele era trazido por embarcações pela Lagoa
para Porto Alegre. A cebola, também, hoje passa por dificuldades terríveis em
São José do Norte, onde os caminhões têm que enfrentar a chamada “estrada do
inferno” e, evidentemente, com um poder de carga muito maior. Em Arambaré havia
porto, Ver. Werner Becker...
O SR. WERNER BECKER: Até Santa Vitória do
Palmar...
O Sr. Isaac Ainhorn: Exatamente.
O SR. WERNER BECKER: Então, na hora do “milagre”
se comemorava que o Ministro Andreazza era quem mais tinha asfaltado o Rio
Grande do Sul. Mas ninguém dizia que era ele também quem mais tinha secado a
navegação fluvial. Todo o nosso transporte interno era feito a custos
extremamente mais baixos através das vias fluvial ou lacustre. Então, no
mérito, esse Projeto me parece inobjetável.
O Ver. Jorge Goularte, freqüentador assíduo do Beira-Rio, sabe que a
galera colorada para lá se desloca através do transporte fluvial, chega ao
Centro pelo transporte fluvial. É verdade que, na volta, muitas vezes, tem
vontade de se afogar pelos últimos resultados. Mas é isso que ocorre.
O Sr. Isaac Ainhorn: Mas usamos o transporte do
povo, o que o Grêmio não faz.
O SR. WERNER BECKER: Como?
O Sr. Isaac Ainhorn: A galera colorada, como é
povão, usa o transporte fluvial, o que não ocorre com as dos outros times.
O SR. WERNER BECKER: Evidente. Já disse, como
gremista: “passeata de gremista é de automóvel”.
O Sr. Isaac Ainhorn: Ele não aceita a
provocação.
O SR. WERNER BECKER: Então, assim chamava a
atenção para alguns reparos ao Projeto. Antes de se votar, deve-se verificar se
ele é extremamente lucrativo. E deve ser extremamente lucrativo pelo custo
baixo. Portanto, também acho que deve ser de competência do Município, porque
chega de se entregar à iniciativa privada as coisas mais rendosas.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Confesso que, pessoalmente, não tenho nada contra,
sou defensor intransigente dos transportes fluviais. Nasci numa Cidade que é
cruzada por três rios: o Ibicuí, o Cacequi e o Rio Santa Maria.
O SR. WERNER BECKER: Permita-me: sua Cidade, no
tempo em que possuía transporte ferroviário ou fluvial, era um grande centro e
hoje paga o preço do ostracismo porque as estradas de asfalto os afastaram.
O Sr. Hermes Dutra: É verdade. Tínhamos
vapores, inclusive. Mas isso daria uma discussão muito longa para se
estabelecer o porquê de os transportes hidroviários não terem dado certo nestes
pequenos percursos. Esses dias, em um aniversário, conversava com um dirigente
de uma cooperativa e este me dizia que traziam os produtos numa barcaça. Tais
foram as dificuldades que foram sendo criadas ao transportes - pois traziam os
produtos de Encantado até Estrela e de lá vinham de barco até aqui - que foram
encarecendo, tendo até que colocar um cozinheiro no barco. No fim, a empresa
dele achou melhor comprar dois caminhões, porque, economicamente, para a sua
empresa era mais viável. Sou plenamente a favor. Só que V.Exa. levanta algumas
questões: se o Município quiser assumir isto, não tenho nada contra, mas
esbarramos no problema de que é a SUNAMAM quem dá a concessão. Temo, pois a
concessão atual é uma empresa de ônibus que tem.
O SR. WERNER BECKER: Daqui a alguns dias, em
Porto Alegre, para andar de avião, precisaremos pedir permissão para as empresas
de transporte coletivo. Isto é uma barbaridade. Sabia que era transporte
coletivo de ônibus. Agora já sei que é fluvial também. Daqui a alguns dias
vão-me informar que o aéreo também é monopólio das empresas de ônibus.
O Sr. Hermes Dutra: Como o Projeto estende à
iniciativa privada pode ser que, como uma empresa da iniciativa privada detém
esse monopólio, no fim ela possa ser beneficiada. A questão é que temo que um
trajeto desses, nos primeiros tempos, não seja auto-suficiente. Então, pode ser
queimada uma idéia que parece boa. Porque há até um fenômeno de educação. Eu,
pessoalmente, preferiria viajar pelo Guaíba, fazendo bem aos olhos, a viajar
por ônibus.
O SR. WERNER BECKER: Agradeço o aparte de V.Exa.
Isso exige, preliminarmente, um estudo para ver a remuneração que tem esse
investimento. Agora, é uma exigência da Cidade, e esta estudo deve viabilizar,
parceladamente, para que até a gente se acostume. Vou dar um exemplo: hoje está
provado que, se voltarem as barcas do Guaíba, quem mora na Zona Sul terá mais
facilidade de acesso ao Município de Guaíba do que tendo que fazer toda a
volta, consumindo gasolina, consumindo pneus. Foi outro deslumbre do petróleo,
do asfalto - não condenando ninguém - quando tiraram as velhas barcas do
Guaíba, que transportavam passageiros em 20 minutos para o outro lado do rio.
Hoje nós levamos 45 minutos, gastando gasolina, pneu, gastando todos os demais
acessórios.
Penso que este Projeto deve ser estudado e pretendo, na próxima Sessão,
manifestar-me de novo sobre ele, inclusive com uma outra discordância: acho que
a tarifa, dentro da minha filosofia, deve ser fixada pela Câmara Municipal.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito
em Pauta é o Ver. Isaac Ainhorn, que está com a palavra.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores, manifestamos a nossa satisfação, mais uma vez, em comparecer a esta
tribuna tão aguerridamente disputada na Pauta, manifestando-se nas presenças
dos Srs. Vereadores no sentido de se discutir os projetos que tramitam nesta
Casa. É realmente algo que se observa como sadio dentro do processo legislativo
da Cidade de Porto Alegre.
O que me traz a esta tribuna, no dia de hoje, em discussão de Pauta, é
o debate do Projeto de autoria do Ver. Paulo Satte. Projeto de Lei do
Legislativo n.º 04/87, que cria o sistema de estações de embarque e desembarque
para passageiros do sistema de transportes coletivos de Porto Alegre. Eu
entendo que tem uma certa preocupação - já vou dizendo de antemão - a idéia de
criação de uma estação de embarque de passageiros ali, na Praça Parobé. Tem
mérito. Agora, a dúvida que me gera é se essa matéria é da natureza de um
Projeto de Lei, porque a criação de estações de embarque e desembarque de
passageiros, a criação de medidas desta natureza tem um cunho marcadamente
administrativo. Então, tenho dúvidas, nesta discussão preliminar de Pauta, se
este Projeto do Ver. Paulo Satte deve se constituir num Projeto de Lei ou em
estudo inserido num Pedido de Providências para exame no Poder Executivo
Municipal. Até porque, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o Executivo Municipal
- e o Ver. Paulo Satte é do mesmo partido - a Administração Alceu Collares, “o
povo no Governo”, no seu trabalho com relação à Secretaria Municipal dos Transportes,
informa que, na SMT, foi iniciado um projeto específico para a melhoria dos
terminais de ônibus na Praça Parobé e na Praça 15 de novembro. Este projeto,
ainda em andamento, propõe a construção da Estação Parobé, o que possibilitaria
a reorganização da operação de embarque e desembarque de passageiros do
transporte coletivo, bem como a ordenação de atividades de vendedores
ambulantes e artesãos. Mas, então, e uma outra idéia a que eu tive a
possibilidade de assistir numa reunião lá, na SMT, à qual todos os Vereadores
da Casa foram convidados, para examinar o projeto da estação de embarque e
desembarque de passageiros na Praça Parobé, subterrânea? Então, aliás, diga-se
de passagem, a bem da justiça - sobretudo com o Ver. Paulo Satte, que não está
aqui, neste momento - ele apresenta um croqui, e esta idéia não é nova. Ele já
tem esta idéia há muito tempo e já foi vetada, inclusive, pelo Prefeito Dib, ao
que me consta. Então, a originalidade da idéia nós temos que preservar. Agora,
assalta-me a dúvida se é pela via do Projeto de Lei ou se é pela via do Pedido
de Providências. Acho, inclusive, que a CUTHAB vai ter que se deter atentamente
em cima deste Projeto, sobre esses aspectos, até para aperfeiçoar e contribuir,
que é o objetivo maior deste Legislativo Municipal, para a melhoria da
qualidade de vida desta Cidade.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, V.Exa., como Presidente, inclusive, da
CUTHAB, tem uma missão muito grande neste aspecto.
Eu acho que os Vereadores - e eu me incluo entre eles - têm que definir
de uma vez por todas qual é a sua verdadeira posição na Administração Pública
Municipal. Porque se coloca sempre que as leis são antiquadas, mas, na hora da
aprovação das leis, sempre virá este veto e as alegações de que aumenta despesa
e que faz parte integrante das atribuições do Executivo. Eu estava vendo aqui,
hoje, em Pauta; o Projeto de Lei do Ver. Wilson Santos vai ser vetado, o
Projeto do Ver. Nilton Comin vai ser vetado, o Projeto de Lei do Ver. Paulo
Satte vai ser vetado, o Projeto do Ver. Pedro Ruas, provavelmente, vai ser
vetado; mas tenho certeza que será aprovado o Projeto de Lei do Executivo que
declara de utilidade pública a União Gaúcha de Criadores de Rãs. Esse vai ser
aprovado.
Então, nós mesmos, aqui dentro, estamos dando pareceres. Eu estou dando
um parecer a um veto a Projeto do Ver. Jorge Goularte. O Vereador não pode
fazer nada que aumente despesas, que trate de problemas orçamentários. Eu acho
que nós devemos, de uma vez por todas, fazer o seguinte: nós devemos tomar a
dianteira neste processo - eu estou dando parecer favorável - e dizer
claramente para o Sr. Prefeito apor sua assinatura numa proposição daqui. Ele
será co-autor. Logo, não existe mais o problema da despesa, não existe mais o
problema de administração interna, como foi na Lei n.º 81, do Dr. João Dib, que
teve origem aqui, aumentou despesas, e o Prefeito, ao assinar, aprovou junto. A
continuar assim como está, projetos que acarretam aumento de despesas vão ser
vetados. E nós vamos acabar aceitando os vetos. Acho, então, um pouco cara a
manutenção de Legislativos que não podem fazer projetos que acarretem despesas
ou que alterem os do Executivo.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu acho que V.Exa. enfoca
bem o problema que é fruto do arbítrio durante todos esses anos, porque, se
vivemos num clima democrático e de amplas liberdades democráticas, o que é
inegável, onde os partidos políticos se organizam livremente, o ordenamento
jurídico que nos rege ainda é uma verdadeira camisa de força sobre os
Legislativos. Anteontem o Ver. Brochado da Rocha examinava esses aspectos,
quando falava sobre o Poder Legislativo, depondo na Comissão “A Cidade e a
Constituinte”, das limitações que temos no sentido de legislar, da iniciativa
de leis que geram despesas e que estão lá, na nossa Constituição, e que são,
realmente, um problema muito sério para nós.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu começo a ficar até preocupado quando V.Exa. começa
a suscitar dúvidas, na tribuna, ao discutir Pauta. A última vez que V.Exa.
suscitou dúvidas, dessa tribuna, criou um problema sério.
O SR. ISAAC AINHORN: É que eu sou um homem
cartesiano ainda.
O Sr. Clóvis Brum: Mas eu corro o risco de
auxiliá-lo em suas dúvidas.
O SR. ISAAC AINHORN: Fico grato. V.Exa. é um
Vereador experiente, que já tem muito tempo aqui na Casa, e eu sou, como dizem,
um “menudo”, tentando sair dessa condição.
O Sr. Clóvis Brum: Não, V.Exa. também é
brilhante, como os demais Vereadores. O que eu queria dizer é que, realmente, a
idéia do Ver. Paulo Satte, da criação de embarque e desembarque de passageiros,
é uma velha luta dele e acredito que a iniciativa do Prefeito de implantar uma
estação central não retira do Ver. Paulo Satte a sua luta em torno dessas estações.
Mas, como gera despesa, eu acho bom que a CUTHAB agilizasse uns encontros entre
o Legislativo e o Executivo, e também com os autores das proposições,
Secretaria dos Transportes, Ver. Paulo Satte e demais integrantes da Casa, a
fim de discutir esse assunto. Parece-me que a proposta do Ver. Paulo Satte é
mais barata, inclusive, do que o Projeto do Prefeito.
O SR. ISAAC AINHORN: Não vou discutir isso
agora, mas em relação à estação de embarque e desembarque, eu não sei se é mais
barata ou não. Eu acho que a outra é mais útil, até porque consegue estabelecer
uma área para os camelôs, camelôs estes que V.Exa. tanto luta e defende aqui
nesta Casa, criando o camelódromo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Passamos ao período de
Com a palavra, o Ver. Raul
Casa. Ausente. Com a palavra, o Ver. Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, quero-lhes dizer que eu só sei falar sobre aquilo que conheço. Eu
não tenho o hábito de falar em ficção. Mas dizem que eu sou chato, porque só
falo em saúde pública e em esporte. Eu falo no São José, meu clube do coração,
do qual fui Presidente durante dez anos, e em saúde pública. No resto, ouço a
inteligência da colenda Câmara de Vereadores. Eu não sei fazer outra coisa.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu temia que V.Exa. trouxesse um rato vivo. Foi a
isto que me referi. Mas o que eu queria dizer neste aparte é o que já disse no
aparte ao Ver. Isaac Ainhorn: temos que chegar à conclusão se temos ou não
condições de arrombar essas portas e porteiras e dizer que o centro de controle
de zoonoses é muito importante à Cidade, dando a possibilidade de o Projeto ser
aprovado aqui. Se obtiver a aprovação do Sr. Prefeito, se considera, com a
assinatura dele, Prefeito, a Câmara co-partícipe do processo, podendo, assim,
gerar despesas. V.Exa. diz que não há despesas, mas, se houver uma apostila, um
livro, alguém pode dizer... Como já foi dito, em certa ocasião, que uma linha
de ônibus na Restinga não poderia ser instalada porque necessitavam ser
colocadas placas indicativas nos postes, o que aumentaria a despesa. Essas
placas havia aos milhares na SMT. Dou o meu apoio a V.Exa. Vamos aprovar. Se o
Prefeito quiser vetar, que vete.
O SR. NILTON COMIN: Na verdade, o que disse o
Ver. Artur Zanella foi colocado no Projeto: que os médicos-veterinários lotados
na SMSSS serão treinados em Brasília e as Ações Integradas de Saúde irão
repassar os recursos. Se S.Exa. o Sr. Prefeito entende que o Vereador não deve
ser preocupar com assuntos dessa natureza, irei chateá-lo, porque seguidamente
tratarei desses assuntos. Ocorre que a estrutura da Cidade de Porto Alegre e
dos Municípios brasileiros fizeram do Vereador o quê? Um homem que apresenta
propostas sobre necrologia, aniversário, congratulações. Não sou esse homem.
Sou um sanitarista, homem de comunidade esportiva, e trato desses assuntos. Se
isso incomoda a alguém, peço minha entrada porque vou falar é nisso.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A presença de V.Exa., investido do mandato de
Vereador titular, realmente traz uma grande contribuição à Casa por uma razão:
em todos os Congressos e todos os Parlamentos do mundo é inegável que Vereadores,
Deputados e Congressistas se especializem em determinadas questões. No
Parlamento inglês, e V.Exa. deve saber disso, a bancada opositora sempre se
divide, pois há um chamado ministério-fantasma em que cada Deputado da oposição
se especializa num determinado tema, respondendo por um ministério fantasma, e
trata de uma só questão, como meio ambiente, transporte, educação, etc. Acho
que a Casa ganha, e muito, com V.Exa. enfocando esses assuntos de saúde pública
porque é um dos maiores problemas da nossa Cidade e do nosso País. Agora, acho
também, Vereador, que tem um gama de atuação, e eu estou aqui homenageando
V.Exa., inclusive sem demérito nenhum a um Vereador que apresenta um Voto de
Congratulações ou um Voto de Pesar ou seja lá o que for.
O SR. NILTON COMIN: Eu não censurei o Vereador
que apresenta. Eu só estou dizendo que não sou eu este Vereador. Eu respeito
profundamente os Vereadores que fazem isso. Não sou este homem. Meu tipo, como
profissional que sou, a minha sensibilidade não é essa. Talvez seja uma
deficiência deste Vereador.
Para concluir, Sr.ª Presidente, devo dizer que, nas próximas
intervenções, vou procurar analisar, cada vez que puder, um tipo de zoonose,
que são 150 zoonoses catalogadas pela Organização Mundial de Saúde e aqui, em
Porto Alegre, sou um dos poucos ao lado da Fundação Zoobotânica adquirindo
exemplares para mostrar à colenda Câmara de Vereadores e para os munícipes a
utilidade deste Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Werner Becker. Desiste.
Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores; trago à discussão, nesta tribuna, em Explicação Pessoal, outro
assunto que tem sido objeto de uma discussão que se inicia na nossa Cidade - os
chamados quebra-molas. Nesta questão dos quebra-molas, aparecem pessoas se
manifestando, de um lado, favoravelmente à idéia, e outros a criticando de
forma veemente. Quando o Secretário Municipal dos Transportes, Ver. Elói
Guimarães, teve a iniciativa de trazer à discussão a questão dos quebra-molas,
acho que ele trouxe à baila uma questão extremamente importante, porque revela,
na SMT, uma preocupação com o problema da violência no trânsito. A discussão do
tema é extremamente válida e transparece, de forma inegável, a preocupação pela
segurança dos pedestres em nossa Cidade. Estamos convivendo, atualmente, nas
grandes cidades brasileiras, com índice acentuado de acidentes, acidentes esses
que atingem, sobretudo, escolares, vítimas de carros que trafegam em alta velocidade,
sem o menor respeito às normas de trânsito.
O próprio “Estado de São Paulo”, numa edição de ontem, revela, também,
esta preocupação. Na Cidade de São Paulo, quando houve um atropelamento, em que
foi vítima uma escolar, perguntava-se ao Prefeito, ao Sr. Jânio Quadros, onde
estava a sua polícia nas escolas. Na realidade, isto não é um retrato só de São
Paulo. É também de todo o Brasil. E acho que, ao lado da questão dos
quebra-molas, também existe uma legislação de trânsito branda e uma justiça
muito lenta. A contravenção, e esta é
uma colocação extremamente importante, feita por uma autoridade da matéria dita
ontem no “Estado de São Paulo” informa: “O Sr. Secretário Municipal dos
Transportes, da Cidade de São Paulo, afirmava ontem: Estamos atravessando uma
fase crítica onde a contravenção está mais barata que o cumprimento da lei. As
multas por estacionamentos proibidos, por exemplo, são mais baixas que a diária
de um estacionamento qualquer”. Lá o Secretário Municipal dos Transportes
solicitava ao Congresso a revisão da legislação de trânsito, visando exatamente
reduzir o número de acidentes. A França conseguiu reduzir substancialmente o
número de acidentes com uma legislação de trânsito muito mais rígida. Agora, se
traz à discussão o quebra-molas como uma alternativa. Aliás, o quebra-molas
parece que não tem obstáculos legais. Já foi implantado em Curitiba, existem em
todas as saídas da Cidade de São Paulo e nas cidades do interior de São Paulo,
igualmente já é adotado como uma solução para impedir as altas velocidades. Lá
eles chamam, eufemisticamente, de “redutor de velocidade”, “obstáculos
redutores de velocidade”, e que possui uma ampla sinalização. Inclusive a EBTU,
com quem tive oportunidade de conversar lá, com alguns técnicos, está
interessada em ampliar este debate em relação aos redutores de velocidade nas
grandes ruas das capitais brasileiras.
Portanto, o nosso aplauso e apoio à idéia do Secretário Municipal de
Transportes pela discussão que levantou e suscitou. Vejam V.Exas: ali, na
frente do Beira-Rio, onde há algum tempo atrás duas escolares perderam a
vida... É uma rua de grande movimento, de grande trafegabilidade de escolares
e, ao mesmo tempo, por ali as pessoas passam com os carros em alta velocidade,
muitas vezes não respeitando o sinal de trânsito. Quem sabe a solução não seja
o quebra-molas? Mas o quebra-molas, o redutor de velocidade também não é
matéria de Projeto de Lei. É matéria de ato administrativo próprio. Deve ser
amplamente debatido pela comunidade, Ver. Jaques Machado. Se é debatido pela
comunidade, esta Câmara, a colenda e egrégia Câmara de Vereadores de Porto
Alegre não pode estar alheia a este debate. Aplaudo a idéia de suscitar essa
questão. Se é para diminuir o número de vidas humanas que são ceifadas, não
tenho dúvida de aplaudir a idéia da implantação dos redutores de velocidade ou
os conhecidos popularmente como quebra-molas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, um dos tantos problemas desta Cidade se refere, efetivamente, aos
chamados terrenos baldios e aos passeios não devidamente urbanizados pelos seus
proprietários. O ilustre Ver. Mendes Ribeiro, quando exercia mandato nesta Casa,
apresentou um Projeto de Lei segundo o qual o Executivo, depois de um período
de multa, executaria esses serviços e, ao mesmo tempo, lançaria esse débito na
conta do imposto. Na semana passada, eu pedi o desarquivamento desse Projeto do
Ver. Mendes Ribeiro, até atendendo a um pedido do próprio Vereador.
Analisando-o de uma forma mais detida, cheguei à conclusão de que há
necessidade de alguns arranjos no Projeto, e estou providenciando, inclusive, a
apresentação de um Substantivo com vistas a torná-lo mais viável, porque a
questão se reúne, basicamente, no não-cumprimento da obrigação do proprietário
do terreno baldio e do proprietário de imóvel, sob o qual está a
responsabilidade de murar o terreno, de evitar que se transforme num depósito
de lixo com as conseqüências relativas a casos como esse, como mosquitos, ratos
e aquele elenco de zoonoses que o Ver. Comin seguidamente comenta aqui.
Agora, o fundamental da questão é que a Prefeitura passe a agir. Para
que a Prefeitura não diga que não tem instrumento para essa questão, parece-me
que uma lei específica alcançará ao Sr. Prefeito Municipal o instrumento
necessário para bem executar esta tarefa, sem contar, ainda, os benefícios
indiretos que trará uma ação desta ordem porque é tal o número de passeios mal-conservados,
não cuidados e terrenos baldios não-cercados ou não-murados, que vai gerar,
fatalmente, um mercado de trabalho. Vai haver muito autônomo, pequenas
empresas, porque isto é trabalho para microempresas. Não é trabalho para grande
construtor. Vai abrir o mercado de trabalho para outros segmentos,
possibilitando com isto até mesmo a geração de renda. Há o problema financeiro,
sei disto, porque, inicialmente, o Município teria um ônus, mas sobre isto pode
se levantar a seguinte interrogação: não será altamente benéficio para o
Município ter um ônus inicial e isto representar um investimento de retorno
quase que imediato, ao mesmo tempo trazendo para a Cidade um visual melhor,
mais reconfortante e sobretudo menos perigoso?
O Ver. Isaac Ainhorn falava no problema do trânsito, mas quantos e
quantos acidentes acontecem porque as pessoas ao caminhar tropeçam, enfiam o pé
no buraco, descem nos passeios desnivelados, machucam-se e vão para o hospital?
Nós só teremos vantagens na utilização de um instrumento deste porte. Eu sei
que não é fácil, porque vão aparecer, seguramente, comentários como, por
exemplo: “Ah! Lança no imposto, mas ele não paga!” Estas são as questões
inevitáveis do processo arrecadatório e, se a Prefeitura achar que vai criar
uma inadimplência, acho que a Prefeitura deve tomar providências. Tem que
executar na Justiça, SPC. O que não se pode é ficar na desculpa, pura e
simples, de que o contribuinte não vai pagar no ano que vem no lançamento do
imposto. A Cidade de Porto Alegre, afora o problema de calçamento e
pavimentação de ruas, tem, neste problema dos passeios e dos terrenos baldios,
o fato mais grave para o pedestre e para o visual da Cidade. Porque não é o
simples fato de estar quebrada uma lajota ou não estar devidamente pavimentado
o passeio, acumulando água das chuvas. Esta concentração de água gera mosquitos
e os mosquitos geram as doenças que o Ver. Nilton Comin colocou.
Então, eu tenho para mim que, efetivamente, está na hora de a Câmara
entrar, de uma forma mais participativa, nesta questão. E eu entendo, Sr.
Presidente, que esta forma participativa vai-se dar através da criação de um
instrumento legal, até porque, com a existência deste instrumento legal,
poderemos cobrar, Ver. Jaques Machado, do Prefeito Alceu Collares que realmente
é necessário apoio para esta questão. E apoio não só do seu partido, porque o
partido de V.Exa., Vereador, não pode ter o monopólio das coisas boas da
Cidade. Elas são de quem se interessa pela Cidade. Sou grato
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, Porto Alegre permanece sendo uma das cidades mais caras do Brasil.
E se vê muito barulho e pouca ação em termos de incentivo ao pequeno produtor e
de acesso fácil de venda direta do produtor ao consumidor.
Nós gostaríamos que a SMIC procurasse incentivar um trabalho muito bom,
que é aceito pelo menos naquela Secretaria, de empréstimo de tratores de
técnicas agrícolas, colocadas à disposição dos pequenos agricultores e o
fornecimento de sementes. E o que é mais importante: que o Município de Porto
Alegre criasse possibilidade de venda direta do produtor ao consumidor em
vários locais de Porto Alegre, com a criação de feirões, coisa que nós fizemos
em cinqüenta e sete pontos quando fui Secretário naquela Pasta. Por vezes fui
criticado porque deixava vender carne no Centro, arroz, feijão, batata, cebola,
produtos da época. E eu repito: era importante, naquele momento em que existia uma
grande oferta de carne e que a população pouco comprava pelo alto preço, era
importante que se desse aos produtores a possibilidade de vender este produto
diretamente ao consumidor desde que houvesse um percentual a menor no preço que
compensasse. Na minha época eram 30% a menos, e esse percentual favorecendo a
população, indo ao encontro do povo nos chamados feirões em que levávamos
cinco, seis, sete caminhões de todos os produtos para vender à comunidade das
vilas populares e dávamos também, a possibilidade de vendermos no Centro porque
trocávamos um ponto no Centro por três feirões nos bairros.
Acho que esse sistema deve voltar a Porto Alegre, e eu estou pensando
em algo que imponha à Prefeitura, votada por esta Casa, a criação de locais
para feirões de venda direta do produtor ao consumidor, que tanto o Ver. Raul
Casa conhece.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sobre seu discurso, um comentário que eu queria fazer
é que, no ano passado, principalmente, o Dr. Alceu Collares anunciava que o
“cinturão verde” de Porto Alegre tinha revivido e que estava plantando tantos e
tantos hectares, quando, na verdade, aquilo eram os mesmos tratores da minha e
da sua época, etc. Eram produtores e davam a entender que era a Prefeitura que
estava fazendo. Não era a Prefeitura. Eram produtores da minha época e da sua
que alugavam tratores. Efetivamente, estão sumindo esses programas. No estado
agora, aqueles PAPs que fazíamos lá, quando atendíamos sete mil famílias, foram
todos desativados, demitidos desde o motorista - agora, no Governo Pedro Simon.
E também eu li nos jornais um dia desses que o Centro Agrícola Demonstrativo
tem de orçamento 400 mil cruzados. Então, simplesmente, isso é a falência. É
brincadeira! É melhor fechar do que deixar lá aqueles técnicos que V.Exa.
conhece bem, porque 400 mil cruzados não dá 30 ou alguma coisa por mês. É uma
brincadeira!
O Sr. Raul Casa: Vereador, é o velho ditado:
“... atrás de mim virá quem bom me fará”. V.Exa., sem dúvida nenhuma, aborda um
assunto que demonstra que, de novo, até agora nada se viu. Reiteramos nosso
apoio, incentivo e solidariedade à decepção com o ilustre e estimado Prefeito
Alceu Collares, que até agora não conseguiu fazer nada.
O SR. JORGE GOULARTE: É. Muito se fala, repito,
quando se poderia apenas continuar o que estava sendo aplicado. E já seria uma
grande coisa: emprestar tratores aos produtores, emprestar técnicos agrícolas,
dar sementes e dar, principalmente, condições a que haja venda direta dos
produtores aos consumidores. É só isso. Assim, seria evitada a importação de
tantos produtos que se faz, de São Paulo para cá, de produtos
hortifrutigranjeiros que poderíamos ter, em grande abundância, nas zonas rurais
de Porto Alegre. Temos isso em grande número. Apenas faltam incentivos ao
pequeno agricultor e ao pequeno produtor no que tange a pequenos animais. Sou
grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A seguir, havendo “quorum”,
passaremos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1242 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
112/82, do
Vereador João Dib, que denomina Rua Rubens Torelly um logradouro público.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Hermes Dutra: pela
aprovação;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Paulo Sant'Ana:
pela aprovação.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Desejaria consultar a Mesa se o Regimento Interno da Casa prevê isso, que é
constante aqui, na Câmara, de desarquivarem projetos de Vereadores do passado e
reapresentarem. Não sei se é praxe apenas ou se o Regimento Interno contempla
esse tipo de coisa. É uma pergunta que eu faria à Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Ver. Aranha Filho, se V.Exa. permite, a Mesa, que já apregou o Projeto,
examinará com a Diretoria Legislativa, enquanto o Ver. Artur Zanella usa o seu
tempo para discutir o Projeto.
O SR. ARANHA FILHO: Eu concordo, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Artur Zanella, V.Exa.
está com a palavra.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, como é duro ser pobre neste mundo. Até morto, é difícil para uma pessoa
do povo ter o seu reconhecimento. Este Projeto foi apresentado em 1982...
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Vereador, eu só queria fazer um registro. Nada contra o autor do Projeto, nada
contra o Vereador que desarquivou. É, simplesmente, para ver se tem guarida no
Regimento Interno.
O SR. ARTUR ZANELLA: O que ia tratar não é nada
com V.Exa. É com o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O Sr. Rubens Torelly, que faleceu, teve o Projeto desarquivado em 83
pelo Ver. Artur Zanella, que fala neste momento, foi de novo arquivado. O Ver.
Hermes Dutra desarquivou e chega, neste momento, à votação. E o Dr. Antonio
Dib, autor do Projeto, dá a sua biografia: foi uma figura tradicional da
Cidade, trabalhou como pintor, vendedor ambulante, fez política, foi candidato
a Vereador, inclusive. Esteve sempre ligado ao problema da comunidade,
especialmente do bairro Sarandi, onde residiu durante 30 anos.
O Sr. Rubens Torelly sempre atuou na área dos ambulantes desta Cidade e
era fiador, quando vivo, com o Sr. João Flores, de um acordo feito na
Prefeitura em 1977, que permitiu aos ambulantes ficarem na Praça XV. E foi
sempre um líder comunitário. E o Ver. Antonio Hohlfeldt, sempre tão zeloso em
procurar informações, procurar erros em todas as pessoas, quando chega agora
uma homenagem a um pobre, vota contra, vota com restrições, porque lamenta a
absoluta falta de dados a seu respeito. Uma pessoa que durante 30 anos labutou
nesta Cidade, que veio centenas de vezes nesta Casa liderando camelôs,
ambulantes! E diz assim: que lamenta “a absoluta falta de dados a seu respeito,
o que torna perigosa potencialmente a homenagem. Daí a restrição ao voto e não
à pessoa do homenageado a quem não conhecemos. Enfatizo necessidade de a Casa
tomar maior atenção contra este fato já que a nenhum Vereador cabe a obrigação
de conhecer a todos eventualmente homenageados”.
Eu nunca vi perguntarem aqui, nesta tribuna, quem era o rico. Agora, um
líder sindical que durante 30 anos levou chuva no centro de Porto Alegre,
vendendo, discutindo com a Prefeitura, com os fiscais, às vezes com sua
mercadoria sendo apreendida naquela época em que existiam os “rapas”, essa é
potencialmente perigosa!
E o Ver. Antonio Hohlfeldt, que está me ouvindo, sempre tão zeloso, vou
repetir, em procurar se informar dos detalhes... A sua grande assessoria, como
sempre diz... Agora, para o Rubens Torelly vota com restrições porque é
potencialmente perigoso e nunca ouviu falar, pelo que está escrito aqui, nesta
figura. Ficou tradicional na Cidade a sua banca em diagonal com a Casa Masson,
durante 30 anos vendendo seus produtos à Cidade de Porto Alegre. Candidato a
Vereador, esteve aqui “n” vezes. Pobre tem que sofrer até depois de morto!
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, é para agregar-me a esta homenagem ao meu
antigo vizinho, ao líder dos ambulantes por muitos anos em Porto Alegre, ao
homem de comunidade que concorreu Vereador em 1976, junto comigo, com Jorge
Goularte e Pujol. Então, esta homenagem é a um homem político, de comunidade, a
um líder, sem dúvida alguma. E agora, na Comissão que está tratando dos
problemas do centro da Cidade, ainda foi mencionado, por lembrança de pessoas
do Poder Executivo. Agrego-me à homenagem não só pelo voto, mas pelo testemunho
de quem conheceu Rubem Torelly, um homem extremamente simples, mas um homem
político.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sou favorável à denominação
de Rubens Torelly a uma rua, chamada Rua “A”, na Vila Nova Restinga.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. pode ler a Exposição de Motivos?
O SR. ARTUR ZANELLA: (Lê.) “Rubens Pereira
Torelly foi uma figura tradicional desta Cidade. Trabalhou como pintor,
vendedor ambulante e fez política. Esteve sempre ligado a problemas da
comunidade, especialmente no bairro Sarandi, onde residiu durante 30 anos.
Nasceu em 31 de março de 1918, na Cidade de Guaíba, vindo a falecer em Porto
Alegre.” Então, parece-me que é facilmente encontrada uma informação, porque é
pintor, vendedor ambulante, político, morando no Sarandi, onde foi vizinho da
Ver.ª Bernadete Vidal.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: Ver. Artur Zanella, há
pouco tempo nós íamos, nesta Casa, fazer uma homenagem a um cidadão que foi
policial, torturador de presos políticos. Se não fosse o alerta de um Vereador,
a proposta teria sido aprovada, exatamente porque boa parte de nós desconhecia
o cidadão a ser homenageado. Eu não sou enciclopédia e não conheço este
cidadão. Os dados que constam da Exposição de Motivos permitem-me dar homenagem
a mais de 20 mil pessoas nesta Cidade. Cabe ao Vereador proponente apresentar
um currículo, e isto que está aí não é currículo. Eu, na minha pobre
ignorância, apenas quero saber quem é este cidadão. Peço informações e lastimo
que, na tramitação de projetos, não se busque ampliar informações. Eu tentei
descobrir informações, e a Vereadora Bernadete Vidal lembrou muito bem que foi
aqui, na Comissão de segunda-feira, que eu consegui ter um dado mais concreto.
Desculpe-me, Vereador, porque ser pintor não é mérito. Há péssimos pintores.
Ser ambulante não é mérito, é um péssimo destino. E fazer política...
“bueno”... fica em suspenso. Nenhum dos três elementos constitui mérito em si.
Eu quero saber se o cidadão foi um destacado pintor, se teve importância, em
que colaborou, se como ambulante foi um bom profissional e, sobretudo, se como
político realmente serviu à comunidade. A partir disso, eu posso aprovar a
idéia. Agora, sem esses dados que constam aí... Aliás, não consta que ele é
vizinho da Ver.ª Bernadete Vidal, não consta que V.Exa. o conhece pessoalmente,
não consta que, talvez, os Vereadores mais antigos da Casa o conheçam e o
respeitem. O que consta é um conjunto de informações dentro de um processo. Eu
não discuto o mérito ou o demérito do cidadão. Eu cobro é que, ates de votarmos
alguma coisa, nós temos que ter dados, e estes não existem no Processo.
O SR. ARTUR ZANELLA: É uma questão de concepção.
Para os pobres, nada! Tanto é que não se pode ir lá falar com um ambulante, não
se pode pedir informações no bairro Sarandi. Mas essa é uma questão antiga e
quanto a sua idéia de político nós podemos discutir mais.
A Sra. Teresinha Irigaray: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu conheci a figura do pintor Rubens Torelly. Eu acho
que é uma homenagem justa da Casa. Eu acho que ele é uma figura humilde, mas
destacada na comunidade. Talvez, na Exposição de Motivos, o então Ver. João Dib
não tenha feito uma lapidação maior e melhor. Mas eu entendo os motivos do Ver.
Antonio Hohlfeldt. Ele é uma pessoa jovem, no primeiro mandato. Ele não tem,
realmente, obrigação de conhecer as figuras mais antigas da Cidade. Agora, o
pintor Rubens Torelly os mais antigos daqui da Casa o conheceram e sabem do
trabalho dele dentro da comunidade. Acho que é uma homenagem merecida e justa,
porque, como V.Exa. diz, não importam só aqueles que se destacam, mas aquelas
figuras queridas da comunidade e que são popularizadas. O Rubens Torelly era
popular na sua figura de pintor de Porto Alegre. O Ver. Antonio Hohlfeldt tem
as nossas desculpas, pois, realmente, ele não tem obrigação de saber, e a sua
juventude, por si, já o desculpa, porque ele não poderia nem ter conhecido o
pintor Rubens Torelly.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Zanella, V.Exa. tem o
seu tempo concluído. Este Vereador se inscreve e o cede a V.Exa.
O SR. ARTUR ZANELLA: Ver.ª Teresinha, eu queria
enfatizar uma diferença de atitudes. Eu tenho escutado muito o Ver. Antonio
Hohlfeldt, que sempre fala que tem uma assessoria, que procura se informar, que
tudo ali tem um departamento. Agora, com um pobre, que é só chegar na Praça XV,
na Marechal Floriano, falar com o Paulo Satte, que mora no Sarandi, ou qualquer
pessoa que mora lá... Ou quem sabe o Ver. Antonio Hohlfeldt, com a sua grande
assessoria, descobre que eu não tenho três mandatos nesta Casa? Eu entrei junto
com ele. Quem sabe, um dia, S.Exa. descubra isso. Só que eu, apesar de algumas
acusações, participo junto com a população e não somente com as altas classes
lá na Chácara das Pedras para que nós possamos tratar de diversos assuntos e, também,
dos pobres, ambulantes e dos pintores.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero-me solidarizar e dizer a V.Exa. que vou votar
favoravelmente à denominação de Rua Rubens Torelly. A Bancada do PDT vai votar
favoravelmente ao Projeto. E queria dizer mais uma coisa: nome de rua não é
apenas uma prerrogativa de médicos, doutores, literatos, de homens de elites,
mas, também, de figuras populares, ligadas ao povo na sua ação, na sua luta
comunitária. Exatamente, a nossa Bancada, Vereador, me credencia e o nobre
Vereador Líder da Bancada, Cleom Guatimozim, informa que toda a Bancada do PDT
votará favoravelmente ao Projeto.
O SR. ARTUR ZANELLA: Nós precisamos colocar
questões na forma adequada. Eu conheço o Ver. Isaac Ainhorn há muitos e muitos
anos, desde o tempo em que eu era aluno do Colégio Júlio de Castilhos. Eu era
treinador de futebol e um dos meus atletas era o Faerman, Marcos Faermann, o
grande jornalista de São Paulo, e sempre tinha um secretário que carregava uma
pasta e uma máquina de escrever. Perguntava-se, até se aquilo fazia parte da
indumentária do Ver. Isaac Ainhorn, porque, sempre que havia um movimento de
esquerda no Júlio de Castilhos, o Marcos Faermann era o primeiro a aparecer, e
o segundo, acompanhando, era o Ver. Isaac Ainhorn. Há dois dias atrás, era
representante da direita. Temos de colocar essas questões para que a tempo se
pergunte quem é que era o Ver. Isaac Ainhorn. Não era um líder de direita.
Sempre foi, ao menos o conheci assim, um líder de esquerda.
(Tumulto no Plenário.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
A Mesa solicita colaboração dos Srs. Vereadores nos trabalhos.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Pediria que fosse descontado o tempo do Ver. Artur Zanella porque eu queria ter
direito a um aparte. Ninguém tem obrigação de ouvir, mas tem obrigação de
deixar os outros ouvirem. Só farei aparte quando tiver o mínimo de ruído.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Votarei a favor porque há um elemento qualificativo
que V.Exa. traz, que é presunção absoluta de competência: a de vendedor
ambulante. Não conheço diferenciação entre bons e maus vendedores ambulantes.
Para mim todo vendedor ambulante é um herói porque desafia as regras
existenciais do nosso sistema e resolve enfrentar a vida por caminhos informais
com as dificuldades que lhe são peculiares. Bastou essa qualificação para que
eu vote a favor. Já está na hora de termos um vendedor ambulante como nome de rua.
O SR. ARTUR ZANELLA: É o caso de alguém que
conseguiu, com uma banquinha, ser um líder, criar nove filhos com o produto da
sua venda e defender tudo aquilo que está na Exposição de Motivos.
O Sr. Paulo Satte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não sei por que está existindo essa polêmica em torno
do falecido Rubens Torelly. Ele, apesar de ser de partido contrário ao meu à
época, foi candidato por diversas vezes a Vereador, uma pessoa idônea e simples
que vendia suas frutas. Agora, existir polêmica em torno deste tipo de Projeto
é a primeira vez que vejo nesta Casa nos dez anos que aqui estou. Poderia haver
polêmica se fosse para trocar o nome de uma determinada rua para ser colocado o
nome de Rubens Torelly, mas a gente vê que é simplesmente para dar o nome a uma
rua. Portanto, nobre Vereador, V.Exa. pode contar com o meu voto.
O SR. ARTUR ZANELLA: Explico a polêmica, Ver.
Paulo Satte: é que na Declaração de Voto do Ver. Antonio Hohlfeldt, do Partido
dos Trabalhadores, ele considera que como não conhece o senhor Rubens Torelly,
a homenagem é perigosa.
O Sr. Paulo Satte: Eu gostaria que ele
explicasse isso.
O SR. ARTUR ZANELLA: Ele diz que não conhece e
que não sabe quem é. Acha que está pouco explícita a Exposição de Motivos e que
ele não tem obrigação de conhecer o homenageado, achando, pessoalmente,
perigosa a homenagem. Então, estava dizendo a V.Exa. que, pelo jeito, não
circula muito pela classe trabalhadora, ali pelos ambulantes na volta do
Mercado, quem é essa pessoa. Foi um líder, morou no Sarandi há 30 anos e, se
tivesse que perguntar para V.Exa., para o seu pai e seus irmãos, para a sua
família, eles teriam explicado que foi um trabalhador honesto, que ganhou a sua
vida e que não merecia, depois da sua morte, ter o seu nome como potencialmente
perigoso. Nunca vi isso para rico. Estou vendo para pobre. Mas isso acontece.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para discutir, Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores, tem ocorrido nesta Casa, ultimamente, uma tendência de se
interpretar certas coisas segundo interesse de certos setores. Só que a mim não
vão envolver nisso. A minha Declaração de Voto, Ver. Artur Zanella, é muito
clara: a minha rebelião é contra um projeto mal-instruído pelo ex-Ver. João
Antonio Dib, que não me merece a menor confiança quanto aos seus homenageados
pela posição clara de direita, com todo o respeito, deste cidadão. Começa por
aí, Vereador. Se fosse o Ver. Lauro Hagemann, a Ver.ª Jussara Cony a fazer uma
homenagem, assinaria de olho fechado. É tendencioso, sim, Ver.ª Bernadete
Vidal, absolutamente definido, com absoluta clareza, sem nenhum problema, até
porque muitas das homenagens que se fazem nesta Casa não se fazem ao cidadão -
se fazem a interesses. Acho que ninguém de nós tem obrigação de conhecer de cor
o nome, a identidade, a função, a importância, o papel social da população de
Porto Alegre ou do Estado do Rio Grande do Sul, ou lá sei eu de quem mais. Acho
que, ao contrário, todos nós, Vereadores desta Casa, temos obrigação de buscar
as informações e de cobrar da Casa um cumprimento estrito, objetivo do
Regimento.
E o Regimento é claro. O Regimento pede uma Exposição de Motivos, e eu
entendo, Vereador, que o que diz aqui, “trabalhou como pintor, vendedor
ambulante e fez política”... Temos 12, 15 mil pessoas nesta condição! Não
podemos homenagear qualquer um. Se, por exemplo, se quiser homenagear um
Vereador, quando for a oportunidade (não estou querendo matar ninguém, ao
contrário) se se quiser homenagear, por exemplo o Ver. César de Mesquita, este
eu já conheci: eu era um menino quando ele era um Vereador nesta Cidade - deste
eu tenho conhecimento objetivo e eu posso votar sem menores problemas. Agora,
Ver. Zanella, não posso votar de olho fechado, apenas tendo um nome que tem
como mérito “ser pintor, vendedor ambulante, fez política, esteve sempre ligado
aos problemas da comunidade, especialmente do bairro Sarandi”, quando a visão
de problema ligado à comunidade do Ver. João Antonio Dib certamente não é a
minha. Com toda certeza. Aquilo que é positivo para o Sr. João Antonio Dib pode
não ser interessante para eu apoiar. Quero esclarecer esta questão, tanto, Ver.
Zanella, que não votei contra o Projeto. Eu voto contra, se for o caso, a Casa
ter tramitado isso sem as devidas instruções, não contra o cidadão. Mas também
não voto a favor sem saber que é. Porque já tivemos episódios aqui, como eu já
dizia, em que íamos homenagear, inclusive, torturadores.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Tenho a impressão que a discussão é uma questão de
concepção. Vou abrir o meu voto: sou favorável á homenagem que vai se fazer ao
Sr. Luiz Carlos Prestes. Só que eu não concordo.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Também sou favorável agora à
homenagem porque agora temos que respeitá-lo.
O Sr. Artur Zanella: Mas me informaram,
Vereador, que V.Exa. foi favorável a uma homenagem à associação comercial não
sei de onde. Então, não sei se esta associação comercial tem alguma coisa
errada. Mas, se eu estivesse aqui, aprovaria porque V.Exa., que é um Vereador,
quer homenagear os comerciantes. Não sei se os comerciantes venderam bem, se
sonegaram, mas, se estivesse aqui, seria favorável. Nós queremos homenagear o
camelô. Acho que, antes de V.Exa. considerar que é potencialmente perigosa,
poderia perguntar para qualquer camelô desta Cidade, perder um minuto do seu
tempo ou da sua assessoria, e perguntar que camelô foi este. O triste que vejo
é que para pobre é tudo dificuldade. Para rico, não.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Folgo em saber, Vereador:
agora V.Exa. se preocupa com pobre. Já é um progresso.
O Sr. Artur Zanella: Sempre me preocupei com
eles de uma forma efetiva, dando lugar para eles trabalharem, construindo
casas, urbanizando terrenos. Preocupei-me assim.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Outros traduzem a sua
preocupação de forma bem diversa.
O Sr. Artur Zanella: Uns moram nas casas que
construí; há ambulantes lá na Praça XV porque estou segurando esta peteca há
dez anos. Também eles sabem disso aí.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sem dúvidas, Vereador. Os
que moram nas casas que V.Exa. conseguiu para eles talvez. Os que não
conseguiram morar talvez tenham outra interpretação.
O Sr. Paulo
Satte:
V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Antonio Hohlfeldt,
somente para um esclarecimento: quando V.Exa. dizia que esse Projeto seria de
interesses. Então, quero deixar aqui minha posição bem clara. Meu voto é
favorável e, talvez, por pertencerem a facções políticas diferentes, jamais
votarão neste Vereador. É uma questão de justiça. Muito obrigado.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Paulo Satte.
Mas quero deixar bem clara a minha posição: o princípio que o Ver. Zanella
levanta aqui, numa parte da sua colocação, por exemplo, de ter discordâncias
com o Sr. Luiz Carlos Prestes, mas aprovar a homenagem, é também a minha
posição em relação, por exemplo, à associação comercial, Ver. Zanella. Eu tenho
profundas discordâncias, mas não sofro de maniqueísmo e a entidade, a
associação comercial, pelo seu currículo de prestação de serviços nesta Casa e
na Cidade, merece um apoio - e propus. Agora, o Senhor vai-me desculpar,
Vereador, mas este currículo aqui não dá homenagem a ninguém, ou dá homenagem a
toda a população da Cidade. Agora, acho que o intento a que eu visava foi
alcançado. Nós discutimos o mérito do Sr. Rubens Torelly e eu me sinto, agora,
devidamente informado para dar o meu voto. Eu agradeço, Ver. Zanella. Acho que
assim se faz o trabalho de Plenário nesta Casa. Agora, não tenho compromisso de
votar num nome que desconheço. Não tenho nada contra a homenagem, como não
tinha nada a favor. Agora posso votar absolutamente tranqüilo, sabendo de quem
se trata o cidadão e sabendo que vários Vereadores da Casa têm uma opinião
formada na qual posso-me basear sem nenhum risco a ser corrido. Agora, não sei
se o senhor estava na Casa na ocasião, mas nós já corremos o risco de
homenagear pessoas que acabariam por complicar a própria imagem do Legislativo,
e isso não pode ser esquecido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para discutir, com a
palavra o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, consultada a nossa Bancada do PDT, nós entendemos que vamos votar
favoravelmente, mesmo porque esse foi um grande cidadão, um homem respeitável
e, se não podemos homenagear a todos que tinham as suas qualidades, vamos
homenageá-lo para que se reflitam, nessa homenagem, todos aqueles que têm a
mesma condição. Nunca em nenhuma oportunidade, subi a esta tribuna para fazer a
discriminação entre esquerda e direita e, principalmente, em um projeto de um
cidadão já falecido. Mas aqui, nesta Casa, eu sempre respeitei, nesses anos que
estou aqui, as posições dos Srs. Vereadores de esquerda, de direita, de centro,
centro-esquerda e centro-direita. Mas este meu respeito vai só até onde o
cidadão tem a convicção daquilo. Quando ele tem a convicção daquilo que está
dizendo, merece o meu respeito. Mas eu não poso, quando o cidadão jogo dos dois
lados... Nega a homenagem porque o morto não é de esquerda, mas oferece uma
homenagem a uma entidade de direita. A Casa está cheia de exemplos. Do projeto
apresentado por cada Vereador eu examino o conteúdo e a essência e não o autor.
Vejam, por exemplo, que, se for examinar a origem dos projetos e das
proposições, nós não vamos chegar a nada, porque há Vereadores que se dizem até
radicais e estão a homenagear aqueles que estão na extrema através de Sessões
Solenes, através de concessão de título. Eu, particularmente, exijo, para que
se respeitem as posições, uma convicção e uma coerência. Acidentalmente, por
estar nesta Casa há muito tempo, conheci o morto. A começar que eu não voto
contra aqueles que deixaram este mundo. E não é por nenhum receio. É porque, se
há uma proposição de homenagem, é porque há algo de bom. Isto prova que a
pessoa não foi esquecida e que está na lembrança e na memória de alguém. Hoje
em dia, pela agitação e pela forma com que dispara o mundo, o povo tem pouca
memória e funciona, naturalmente, em estímulos maiores. O estímulo maior apaga
o estímulo menor. Exatamente são estas lembranças que estão ainda na memória do
povo, que se alastram quando tornadas efetivas. O que se pede? Pede-se o nome
de uma rua a um cidadão que exerceu diversos cargos, atuou em inúmeras direções
e, inclusive, tentou a área política, não tendo logrado aprovação para cargos
legislativos. Deu a sua colaboração. Acho um erro muito grande de se negar ou
dar um voto pela ideologia de determinada pessoa, se pretendemos um regime
democrático aberto. Eu por exemplo, tenho votado. O Ver. Antonio Hohlfeldt, que
há pouco combatia o Projeto, apresentou uma Sessão para a associação comercial.
Eu acho que é de direita, mas aprovei. Aqui foi apresentado o título de Cidadão
de Porto Alegre a Luiz Carlos Prestes. Eu vou votar favorável. Mas o mesmo
Vereador apresentou uma homenagem para a FARSUL. Eu não posso entender esta
situação, me perdoem. Talvez aí venha crítica a minha pessoa pela minha posição
política. Eu tenho procurado excluir estes problemas. E eu acredito até, Ver.
Werner Becker, que Salomão, com a sua sabedoria, ficaria desmoralizado diante
desta situação de um Vereador que se diz de esquerda homenagear a FARSUL e
depois exigir voto de esquerda, porque o mundo é direitista, o Brasil é direitista
e não sei o que mais. Mas eu não respeito estas posições. Respeito aqueles que
têm convicção da sua posição. Estes eu respeito.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, segundo a tradição cristã, o 8º mandamento
diz o seguinte: “Não tomar seu santo nome em vão”. E eu tenho certeza que, se
fosse dado a Marx o privilégio de Cristo, de baixar à terra hoje, diria o
seguinte: “não tomai o meu santo nome em vão”.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu agradeço a V.Exa. pelo aparte.
O pior é que estão tomando o meu nome que não é santo em vão, dizendo que eu
estou contra algumas posições que eu não devo respeitar.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha presença na tribuna é para
dizer que eu não entendo. É difícil compreender. Aqueles que, nesta Casa, têm
uma posição clara, correta, ideológica, sempre mereceram o meu respeito
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu explico para V.Exª: Castro Alves já tinha dito:
“Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome”. Lembra? E eu
diria agora: “Marxismo, marxismo, quantas coisas se cometem em seu nome”.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Ver. Werner Becker, V.Exa.
está buscando em expressões de personalidades do passado verdades que se
aplicam ainda hoje. A verdade é que nós buscamos estado de direito através de
radicalismos ideológicos que, se fossem bem radicais, eu teria respeitado...
O Sr. Werner Becker: V.Exa. me desculpe, mas eu
discordo de V.Exa. Eu diferencio radicalismo de dogmatismo e sectarismo. Acho
que andam confundindo posições sectárias e dogmáticas com posições radicais.
São coisas completamente diferentes. Acho que esse equívoco semântico é que se
está cometendo na “sedizente” esquerda brasileira com muita facilidade.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu agradeço e lastimo que
tenha que falar em matéria ideológica exatamente num processo como este. Ora,
nós estamos aí com uma Constituinte, buscando um estado de direito. Eu não
participo da idéia de Maquiavel de que precisamos de muitas armas para defender
as leis. O bom seria que tivéssemos leis para defender as armas. Não participo
desta idéia. Acho que temos boas leis e pessoas dispostas a obedecer. Portanto,
não precisamos armas para defender as leis.
Então, Srs. Vereadores, eu diria que a Bancada do PDT vai votar
favorável. Nosso respeito aos que estão contra. Nós temos procurado nesses anos
respeitar os processos que vêm aqui. Temos procurado votar favoravelmente às
mais diversas ideologias desta Casa. Temos respeitado e continuaremos assim,
com nosso respeito e até com nossa admiração, mas com uma ressalva: quando há
convicção. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo quem queira discutir, em votação.
Para encaminhar, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores, como diz, com muita razão, Luiz Menezes em sua poesia “Último
Pouso”: “basta morrer para ser bueno/ e basta sofrer para ser justo./ Quem
morre de susto nem frases fingidas têm/ de dizer que no além as almas são tão
iguais./ P’ra que esses luxos demais/ depois que somos ninguém!” Ora, deve
estar pensando assim a alma do saudoso Torelly, uma pessoa modesta, humilde,
mas uma belíssima pessoa. Tenho certeza de que o Ver. Antonio Hohlfeldt se
daria muito bem com o Torelly se o tivesse conhecido naquela época.
Agora, Ver. Antonio Hohlfeldt, quanto à esquerda e direita, é como diz
Luiz Menezes: “Basta morrer para ser bueno e basta sofrer para ser justo”. E,
como dizia o Elói Guimarães nesta Casa, “vamos deixar que cada um homenageie
seus próprios mortos”. Parece-me que o Torelly não merecia essa observação de
V.Exa. Posso-lhe dizer, embora V.Exa. seja muito jovem e espero que dure muitos
anos, que, se tiver um passamento antecipado, eu vou, tranqüilamente, votar em
nome de rua para V.Exa.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não é contra ele a observação.
O SR. JORGE GOULARTE: Vou votar em seu nome sem
nenhuma restrição e até acho que vai ter a unanimidade da Casa, alguns não tão
tristes, mais tranqüilos, embora V.Exa. se diga um homem de esquerda.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: Muito obrigado.
O SR. JORGE GOULARTE: Acho que não é tão esquerda
assim, porque, muitas vezes, nesta Casa, tem pisado com o pé direito e
enveredado para a direita em algumas oportunidades. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, fiz uma Questão de Ordem anterior à discussão deste Projeto
para saber quem é o autor.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Aranha Filho, a Mesa
esclarece a V.Exa. que o Projeto é do ex-Ver. João Antonio Dib e foi
desaquivado, este ano, pelo atual Ver. Hermes Dutra, baseado no art. 148 do
Regimento Interno da Câmara Municipal, que diz: “a cada nova legislatura, o
Presidente dará conhecimento aos Vereadores das proposições arquivadas no fim
de cada última Sessão Legislativa, as quais só a requerimento de Vereador terão
sua tramitação renovada”. O Ver. Hermes Dutra pediu desarquivamento e renovação
de tramitação regimental.
A Mesa, nesse exato momento, se sente suficientemente esclarecida e
acha que tem respaldo legal o pedido do Ver. Hermes Dutra.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Não é nesse sentido a minha argüição e sim no sentido de que, no espelho,
consta “Projeto de Lei do Ver. João Dib, que denomina Rua Rubens Torelly um
logradouro público”, quando deveria constar “Projeto de Lei de autoria do Ver.
Hermes Dutra”, ou que constasse no espelho o nome do Ver. Hermes Dutra como
autor do desarquivamento.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Houve uma falha da Diretoria Legislativa, que deveria ter colocado o seguinte:
“de autoria do Ver. João Dib, desarquivado a pedido do Ver. Hermes Dutra”. Como
eu não faço questão que o meu nome apareça, não reclamei.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Esclarecido estou. Só pediria que, nos próximos desarquivamentos, constasse,
então, o nome do Vereador autor do desarquivamento.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação. Os Srs.
Vereadores que aprovam o PLL n.º 112/82 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Artur Zanella,
solicitando seja o PLL n.º 112/82 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr.ª Presidente, eu faço, nesta Questão de Ordem, após contato com as
Lideranças da Casa, uma solicitação para que a Mesa defira a tramitação, em
Pauta, retornando com isso a tramitação normal de qualquer processo na Casa, o
Projeto do Executivo que trata sobre alterações do Plano Diretor da Cidade.
Faço esta Questão de Ordem e esta solicitação, após ter contatado com
as Lideranças da Casa. Também solicito que sejam os apanhados taquigráficos
desta Questão de Ordem anexados ao Projeto do Plano Diretor.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a Questão de
Ordem do Ver. Clóvis Brum e vai encaminhar a uma Comissão Especial constituída
para exame do Plano Diretor.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Nobre Presidente, a minha Questão de Ordem é, exatamente, para que a tramitação
desse Projeto se dê com a sua inclusão na Pauta. Após os debates da Pautas, que
o Projeto seja encaminhado às Lideranças para indicação da Comissão. Senão, nós
estaremos atropelando, fazendo com que esse Projeto tenha uma tramitação muito
rápida na Casa. Queremos uma tramitação normal e amplamente discutida.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, eu me sinto com mais ênfase, ainda, porque o Projeto, quando
veio pela primeira vez, eu não estava na Casa. O Projeto foi retirado. Logo,
não existe nem o Projeto nem tampouco a Comissão. O Projeto chegou novamente
como poderia ter chegado outro, mas é um projeto, novo, é desta Legislatura, e
eu, evidentemente, quero participar das Pautas e, quem sabe até, participar de
uma Comissão.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, peço a exegese da Diretoria Legislativa para que o
Requerimento do nobre Ver. Clóvis Brum seja, imediatamente, colocado em votação
para que se defina o perfil, o tipo de parecer para este Projeto.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, a Mesa
entende que, como já existe uma Comissão formada para estudar o Plano
Diretor...
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem): Sra.
Presidente, só para colaborar com a Mesa: a Comissão existia; quando o Prefeito
retirou o Projeto, deixou de existir. Vida nova, Projeto novo. Entendemos
assim.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Sra. Presidente, devo dizer que havia uma Comissão, efetivamente, na Sessão
Legislativa Extraordinária. Nós estamos na 5a. Sessão Legislativa Ordinária e
não houve Comissão designada para esta Sessão. Ademais, se a interpretação
chegasse à conclusão diferente, há um princípio entre os advogados, que diz que
“o que abunda não prejudica”. Como esses processos do Plano Diretor já andam
levando pecha de malditos nesta Casa, acho que não é demais que V.Exa. coloque
em votação. Quanto mais se discutir, melhor.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Evidente, Vereador, que seja colocado em votação o Requerimento apresentado em
Questão de Ordem. A decisão será do Plenário, Vereador.
A SRA. PRESIDENTE: Já que existe “quorum”
suficiente, para dirimir a questão colocamos em votação o Requerimento. Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
A Mesa vai submeter ao Plenário os seguintes Requerimentos de Votos de
Congratulações: a) de autoria do Ver. Artur Zanella: com a Rádio Guaíba, pela
passagem de seu 30º aniversário; com o
Correio do Povo, pela nova coluna social do Sr. Décio Azevedo; b) de autoria do Ver. Aranha Filho: com Jorge Franke Geyer, por sua
eleição à Presidência do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos; c) de
autoria do Ver. Hermes Dutra: com a Administradora Rio-Grandense Ltda.
Em votação os Requerimentos ora apregoados. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
O SR. WERNER BECKER: Sr.ª Presidente, faço uma
Declaração de Voto: quero afirmar que votei favoravelmente a todos os Votos de
Congratulações porque não vi nenhum perigo potencial em nenhum.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa registra a
Declaração de Voto de V.Exa.
Ainda, sobre a mesa, Moção de Repúdio, de autoria do Ver.ª Jussara
Cony, aos atos intimidatórios de que foi vítima o PC do B.
O SR. JORGE GOULARTE
(Questão de Ordem): Sobre esse Requerimento, eu gostaria de saber onde foi esse
constrangimento, quando foi e quem o praticou e contra quem é solicitada a
Moção.
A SRA. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º
Secretário que proceda à leitura da Moção na íntegra.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.)
“Senhor Presidente:
A Vereadora que este subscreve requer a Vossa Excelência, nos termos
regimentais, uma MOÇÃO DE REPÚDIO aos atos intimidatórios, de que foi vítima o
PC do B e que seja dada a ciência da decisão desta Casa às pessoas e entidades
relacionadas em anexo.
JUSTIFICATIVA
No dia 1º de abril, quarta-feira, um indivíduo, aparentando 30 anos,
invadiu o Diretório Regional do Partido Comunista do Brasil, declarou “tomada a
sede”, afirmou ser de direita e pertencer ao ‘comando’ e exigiu as ‘armas’.
Solicitado a retirar-se, negou-se, permanecendo no local, fazendo
provocações. Só com a chegada de outros membros do Partido, viu-se obrigação a
ir embora.
Na quinta-feira, dia 2 de abril, à noite, ao chegar em seu apartamento,
o economista Edson Silva, Presidente regional do PC do B, constatou que o
apartamento vizinho ao seu havia sido arrombado e vasculhado - sem que houvesse
sido roubado nada, apesar da existência de dinheiro e jóias - e que o seu
apartamento havia sofrido uma tentativa de arrombamento.
Tendo como pano de fundo a escalada militarista que o País está
assistindo, com tropas do Exército e da Marinha ocupando locais de trabalho,
com conhecidos chefes de tortura - como o Coronel Brilhante Ustra - dando
declarações políticas à imprensa com o apoio do Ministro do Exército, estes
fatos indicam a tentativa de intimidação e provocação, por parte da
ultradireita - principal responsável, passada e presente, pela crise que vive o
País - ao Partido Comunista do Brasil, em represália a sua clara posição
antimilitarista.
Ao mesmo tempo, procura atemorizar a todos os que lutam neste País por
democracia e justiça social, independentemente de filiação partidária.
Urge dar uma resposta a estas provocações, antes que elas tornem-se
rotineiras.
Sala das Sessões, 08 de abril de 1987.
(a) Jussara Cony”.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Pergunto à Ver.ª Jussara Cony se essas entidades relacionadas o são a fim de
que a Casa dê ciência a elas da Moção de Repúdio ao cidadão que assaltou a sede
do Partido. Dá a entender que temos de fazer uma Moção de Repúdio às entidades.
A SRA. JUSSARA CONY (Questão
de Ordem):
Para responder ao Ver. Clóvis Brum. A Moção de Repúdio é a esse ato praticado
por esse indivíduo, solicitando as providências dos órgãos públicos
relacionados em anexo, diretamente envolvidos, como é o caso da Secretaria de
Segurança Pública, e também aos partidos políticos, às Assembléias
Legislativas, aos diretórios, às centrais sindicais e entidades comunitárias no
sentido exatamente do entendimento que temos que essa não é uma questão apenas
do Partido Comunista do Brasil, mas de todos aqueles democratas que lutam por
democracia, por justiça, independente até de sigla partidária.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Gostaria de perguntar se acompanha o processo algum registro policial?
A SRA. JUSSARA CONY: Não acompanha, mas havendo
a necessidade... Nunca foi norma nessa Casa. O fato foi registrado. As duas
ocorrências, inclusive, foram noticiadas em todos jornais daqui e de todo o
Brasil.
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, palavra
com o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores, nobre Ver.ª Jussara Cony, autora da proposição, nenhum Vereador
desta Casa quer que o PC do B seja inibido na sua ação, mesmo porque a criação
de partidos comunistas no Brasil foi algo que veio em muito boa hora para
determinar quantos são. Realmente, já é um grande começo, porque muitos se
diziam comunistas e eram, no máximo, rosa-choque. Quando havia algum movimento,
estavam embaixo das camas. Então, nada contra. Agora, sinceramente, Vereadora,
o seu Requerimento tem inúmeras falhas ao meu ver: não diz o local onde ocorreu
e nós não temos como condenar a pessoa que fez isso. Procurei aqui. Se eu
pudesse acrescentar, eu queria lamentar os assaltos que fizeram ao edifício da
Rua André Puente, do nobre Ver. André Forster, e tantas tropelias que existem
neste País. Gostaria de fazer algumas afirmações aqui, pois parece que o
Exército Brasileiro está saindo às ruas por sua livre vontade. O Exército
Brasileiro vai às ruas quando é acionado, quando é impelido a fazer qualquer
movimento, neste sentido, para resguardar o direito dos cidadãos. Então,
parece-me que há uma confusão que precisa ser bem colocada. Não se pode, a meu
ver, estar a repudiar entidades que estão apenas a cumprir com o seu dever.
Agora, é lógico que a democracia exige que nós tenhamos a compreensão de
respeitar o posicionamento dos que nos são adversos. Eu respeito a todos
aqueles que pensam diferentemente de mim e procuro não condenar as pessoas ou
entidades por atos que não praticaram, porque me parece, aqui, que há uma
culpabilidade de todas essas entidades por um cidadão ter tentado entrar no PC
do B. O Ver. Raul Casa teve o comitê dele incendiado, quando era candidato, e
nem por isto se fez moção. Infelizmente, nas grandes metrópoles, por problemas
vários, acontecem muitas situações.
Costumo votar sempre favoravelmente a proposições, mas me parece,
Vereadora que esta aqui é muito confusa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais quem
queira encaminhar, em votação a Moção de Repúdio de autoria da Ver.ª Jussara
Cony. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com a abstenção do Ver. Jorge
Goularte.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente
Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental.
Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 11h58min.)
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